Diretores de pequenas e médias empresas, sem noção digital
   27/02/2020 12:00:19

Diretores de pequenas e médias empresas, sem noção digital

                                       

Um teste aplicado a 30 mil profissionais de 25 países, incluindo o Brasil, mostrou que os altos executivos de grandes empresas não estão preparados para os desafios da economia digital e não têm ferramentas para se adaptar às exigências de um consumidor cada vez mais conectado. Entre presidentes e altos executivos, só 22% receberam uma avaliação positiva no teste sobre transformações digitais. Ou seja: quase 80% desses profissionais têm pouca ou nenhuma noção sobre a nova economia

No Brasil, o teste também está sendo aplicado em algumas empresas,

e a falta de conhecimento sobre internet, e-commerce e comunicação em tempo; em algumas empresas, todos os executivos estão sendo convidados a avaliar seu nível de conhecimento sobre o mundo digital.

 

Substituição radical

Embora a falta de intimidade com o mundo digital possa ser amenizada em treinamentos, há grandes negócios que estão tomando simplesmente o caminho da substituição de equipes, muitas vezes de forma radical. No caso da agência de publicidade Young & Rubicam, por exemplo, 70% da equipe foi trocada ao longo dos últimos três anos, de acordo com o presidente da empresa, David Laloum. Laloum diz que não houve demissões em massa, mas que, entre o fim de 2017 e o início de 2018, houve um processo de transformação mais firme do time. “Existe uma necessidade clara por novas habilidades para acompanhar as necessidades dos nossos clientes”, diz o executivo da Y&R, que atende a empresas como Habib’s,Via Varejo (dona de Casas Bahia e Ponto Frio), Santander e Vivo.

 

Para garantir acesso rápido a novidades do setor de marketing, a agência fez uma parceria com a 'hub' de startups Distrito para a busca de negócios que tragam inovação na hora de promover marcas na internet.

O fundador do Grupo Habib's, Alberto Saraiva, também contou ao Estado que desativou sua equipe de tecnologia da informação (TI) e criou uma área de estratégias digitais. No processo, a maior parte da equipe foi demitida, incluindo a liderança. "O meu diretor anterior era um profissional muito bom, mas tinha um pensamento muito analógico."

 

Grupo familiar

Mesmo em empresas familiares, a capacidade de se adaptar a demandas digitais também está sendo valorizada. O atacarejo Tenda, que tem 34 lojas e fatura R$ 3,5 bilhões ao ano, contratou há três meses o executivo Flávio Borges para a diretoria financeira. O executivo, que antes atuava na SPC Brasil – que oferece inteligência de mercado sobre crédito.

“Mesmo na área financeira, é preciso ter alguém que compreenda as necessidades da transformação digital e que consiga adaptar os sistemas para fazer frente a esses desafios”, diz Borges, de 34 anos. “Cada vez mais é necessário que se entenda quais produtos o cliente está adquirindo, qual é a forma de pagamento usada por ele e que canais ele usa para fazer compras. E ter a capacidade de gerar relatórios sobre toda essa jornada.”

 

 

Desafio da tecnologia

Nos níveis hierárquicos mais altos, executivos têm dificuldades para entender as demandas da economia digital

Borges chegou ao Tenda bem no meio de uma revolução digital. A empresa está para lançar um e-commerce que entregará os produtos diretamente na casa do consumidor e também vai instalar lockers (armários) que permitirão que o cliente faça as compras com antecedência e depois só retire os produtos em pontos instalados  dentro e fora das lojas.

 

 

Treinamento interno

Se o desempenho dos altos executivos no teste sobre economia digital é ruim, um alento vem dos resultados do nível de gerência – que são bem mais animadores. Enquanto apenas 22% dos diretores e presidentes mostram intimidade com a atuação digital, esse índice se inverte e chega a 74% de avaliações positivas no nível de gerência.

Logo, uma interação mais próxima entre os dois níveis hierárquicos poderia trazer resultados positivos.

O curioso, segundo a pesquisa, é que os profissionais de 35 a 45 anos são os mais bem avaliados no levantamento.

Isso ocorre, porque os profissionais mais jovens, de até 35 anos, mostram bom conhecimento sobre ferramentas digitais, mas acabam mostrando pouca cautela em relação a um assunto muito caro aos consumidores: a segurança de suas informações.

 

 

 

Pontos que podem ser melhorados

·      Cultura digital: habilidade para compreender oportunidades da economia digital tanto na vida pessoal quanto na profissional

·      Gestão da informação: capacidade de usar canais digitais para buscar informações e compartilhar dados com a equipe em tempo real

·      Comunicação digital: uso de ferramentas profissionais para compartilhar documentos e informações com a equipe de forma segura

·      Identidade digital: como o executivo está representado na web e a qualidade dos perfis em redes sociais, em especial o LinkedIn

·      Capacidade de trabalho em rede: análise do tamanho e da qualidade do networking do executivo em meios digitais

·      Visão estratégica: conhecimento de como o uso de ferramentas digitais pode trazer eficiência e velocidade à realização de tarefas

·      Segurança de dados: como a pessoa protege suas informações na rede, em nível profissional e pessoal; envolve conhecimento sobre malwares e gestão de senhas.

 

 

Fonte: Economia Estadão - Economia & Negócios

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