As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) desempenham um papel fundamental e relevante para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Elas são mais de 90% dos empreendimentos e respondem por 30% do PIB e por mais de 50% dos postos de trabalho existentes no país. Diante do desafio de apoiar a transformação digital dessas empresas e assegurar a sua inserção nessa nova realidade econômica, a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) desenvolveram um modelo de diagnóstico da maturidade ou prontidão digital das MPEs. A amostra fundamentou o “Mapa de Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras”, apontando o momento atual em que a empresa está no caminho da sua ampla transformação digital.
O desenvolvimento tecnológico e digital transforma e impacta todos os setores da economia brasileira. É fundamental que nossas micro e pequenas empresas se adaptem e aproveitem ao máximo os benefícios dessas tecnologias, que contribuem para o aperfeiçoamento de suas operações, para a criação de novos modelos de negócio e para a geração de mais receitas.
O Mapa de Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras, em linhas gerais, revelou que as práticas e estratégias de transformação digital ainda são pouco consolidadas entre as MPEs. Mais do que desafios, as constatações deste relatório nos apresentam oportunidades. Há um grande espaço para que essas empresas adotem tecnologias digitais e desenvolvam todo seu potencial. É crucial, no entanto, imprimir velocidade a esse processo. A transformação digital é um elemento essencial para ampliar os níveis de produtividade e de competitividade do nosso país, além de ser um requisito irreversível para sobrevivência das empresas.
Resultados
• 66% das MPEs estão nos níveis 1 e 2 de maturidade digital, sendo 18% empresas analógicas e 48% emergentes;
• A média de maturidade digital das MPEs brasileiras é de 40,77 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100 pontos;
• O setor de serviços apresentou os melhores resultados, com uma pontuação média de 43,73, enquanto o setor do comércio apresentou a menor pontuação média, 36,75 pontos. O setor industrial registrou média de 40,49 pontos;
• Com uma pontuação média de 47,72 pontos, as empresas demonstraram maior maturidade digital no quesito “Inovar mais rápido” e colaborativamente, o que demonstra que as empresas estão se abrindo a novas possibilidades e adotando práticas de inovação mais ágeis e colaborativas;
• Por outro lado, a pontuação mais baixa das empresas, 35,01, foi no quesito “Estabelecer novas bases de competição”, o que traduz uma dificuldade em se adaptar ao universo on-line e oferecer modelos de negócios mais inovadores e digitais;
• Percebe-se que as empresas já estão atuando com uso de banda larga em suas operações e estão avançando nas políticas de armazenamento de dados, mas ainda utilizam pouco os serviços de cloud computing e o e-learning como ferramentas de aumento de produtividade. Cybersegurança também ainda é um tema pouco abordado pelas MPEs.
Perspectivas
A maior parte dos empresários acredita que a transformação digital é um caminho complexo e custoso para ser trilhado, porém isso não é uma verdade. Não mais. As tecnologias existentes são acessíveis a todo e qualquer empresário que deseje transformar seu negócio. Porém, é necessário que lhe sejam apresentados os caminhos e “pegue em sua mão” nessa caminhada.
Para quase 40% dos entrevistados a principal dificuldade com a transformação digital é a falta de recursos para investir e a falta de estratégia e o desconhecimento de como construir um caminho apropriado para sua transformação digital são citadas por outros 25% dos empresários como principal dificuldade a ser vencida.
Para Marcel Levi, Coordenador de Projetos da FGV e um dos responsáveis pelo estudo, apesar de grande parte das MPEs brasileiras estarem em estágio inicial de maturidade digital, os resultados são animadores, pois “a principal conclusão da pesquisa é que 68% dos empresários estão abertos e disponíveis para participar de um programa de aceleração da maturidade digital que os ajude no caminho da transformação digital”, afirmou ele.
“Agora, o estudo parte para a conclusão da segunda edição e em breve serão selecionadas até 150 micros e pequenas empresas para participarem de um projeto piloto em que será estudada a aplicação das 25 boas práticas digitais que compuseram as métricas do estudo”, completou Marcel.